Diga se de passagem o nosso mês mais nordestino é junho, nele todo encantamento das tradições são celebradas, nele as expectativas das chuvas para o plantio do milho do feijão, a religiosidade em devoção como cenário no sertão, as comidas típicas, os cantadores e discípulos de Luiz Gonzaga. 

O que não é diferente em Ribeira do Pombal, neste período junino, antes, tomado pelo colorido das quadrilhas, (juninas); pelas fantásticas emoções em cada passo, na imensidão da espera pelos espetáculos na rua da Ribeira (Quadrilhas juninas: Pé no Chão liderado por Cícero Cavalcante hoje por seu filho Wallas) e a Junina da Ana Brito (organizada por Cardoso do Hospital) “in memoriam”. Com o passar do tempo essas memórias são reinventadas, além das fogueiras, licor e do forró.

Hoje tomadas por blocos que desfilam fantasias ao mesmo tempo que se dividem promovem a liberdade de suas identidades, homens e mulheres separados por uma corda da fantasia protagonizam ao desfilar na avenida, e ao seu modo dançam com diversão e alegria e que ao final do percurso muitos se misturam num encontro de gerações.

O primeiro bloco: Os amantes do forró surgem no ano de 1998, organizado por ( Zé da Floresta) por um grupo de homens, ao som da sanfona exibem pelas ruas da cidade o mais tradicional forró pé de serra.

  Ao assistir “Os amantes do Forró, três mulheres ( Alexandra, Ana e Claunir) têm como ideia o desafio da representividade seguindo com o próprio bloco, o que antes partiu de uma brincadeira de um grupo de 49 amigas num trenzinho; atualmente o bloco Apaixonadas do forró segue na sua 23ª edição, tendo maior público de mulheres da região, as participantes tem que ter mais dezoito anos e uma das integrantes a Sra. Espedita aos 91 anos esbanja felicidade, recebendo participantes de outros estados e até mesmo fora do país, com passar do tempo surgiram os blocos:  Eguinha Pocotó, Jumento Elétrico, Arrasta Bode, Arrasta Cabritas.

Em 30 de maio de 2025, o prefeito Eriksson Santos Silva sancionou a Lei nº 954, que declara os Blocos Juninos de Ribeira do Pombal como Patrimônio Cultural Imaterial do Município. Publicada no Diário Oficial, a norma reconhece os cortejos, quadrilhas e demais manifestações juninas como tesouro vivo da cultura local, além de estabelecer o compromisso da Prefeitura de apoiar e preservar essas tradições a cada mês de junho.

De acordo com o Artigo 1º da nova lei, “Fica declarado como Patrimônio Cultural Imaterial do Município de Ribeira do Pombal, Estado da Bahia, os Blocos Juninos, que são celebrados durante o mês de junho. ” O texto ressalta que essa celebração vai além da festa: é a narrativa viva de gerações que misturam São João, sanfona, zabumba e muita quadrilha, seja no distrito, seja no centro da cidade.

Embora toda festividade, é notório a ausência de uma essência junina no tocar da sanfona, do forró pé de serra.

E toda uma programação se intensifica, movimentando o comercio local, apesar dos participantes receberem uma vestimenta padronizada, o público feminino procura investir entre acessórios e adereços entre a vaidade e a diversão, os homens por sinal se mantêm mais práticos nas suas caracterizações.

Que como patrimônio local esses blocos possam fortalecer nossas tradições e que possamos gritar muitas vezes: Viva São João!

Renata Nascimento dos Reis (Renata Poeta) nasceu em Ribeira do Pombal – BA Desde criança, adora poesias e sempre sonhou em ser escritora.
Hoje, licenciada em Letras (Faculdade Dom Luiz de Orleans e Bragança) e especialista em Produção textual, Gramática e Literatura (Faculdade Regional de Filosofia, Ciências e letras de Candeias) faz uma das coisas que mais gosta: ensinar Língua Portuguesa. Autora dos livros Outra forma de ver e sentir e Poesias para gente minúscula (Mondrongo) tem se dedicado cada vez mais à literatura infanto- juvenil.