22/06/2025 | Por:
(O presidente dos EUA, Donald T)
Os Estados
Unidos têm sido competentes para bombardear infraestrutura e derrubar governos,
como começou a fazer neste sábado 21 no Irã, mas coleciona fracassos quando
tenta promover mudanças de regime.
O retrospecto
das ações americanas no Afeganistão, na Líbia, na Síria e no Iraque mostram
enorme disposição americana para destruir países e depor governos, mas pouco
sucesso para erigir no lugar novas administrações, mais funcionais e
democráticas q democráticas que as anteriores. O retrospecto negativo faz
duvidar do resultado do avanço iniciado contra o Irã.
O motivo
alegado para o ataque americano deste sábado 21, em reforço à ação israelense
iniciada oito dias antes, é a destruição de um programa atômico iraniano
considerado hostil por americanos e israelenses. A decisão de atacar é baseada
numa leitura l da realidade que contradiz informações da própria inteligência
americana. No dia 25 de março, portanto apenas três meses antes do início das
ações contra o Irã, a diretora nacional de Informação dos EUA, Tulsi Gabbard,
havia dito o seguinte a ao Congresso
americano: “A Comunidade de Informação avalia que o Irã não está construindo
uma arma nuclear e o supremo líder [Ali] Khamenei não autorizou a retomada do
programa de armas nucleares que suspendeu em 2003.
A hipótese mais
provável é que a ação tenha como objetivo não apenas a justificativa alegada de
destruir o programa atômico iraniano – esteja ele em que estágio estiver –, mas
também de derrubar o regime ditatorial e teocrático que governa o país desde a
revolução de 1979, que substituiu uma monarquia simpática ao Ocidente por um
regime hostil,
O passado
recente, no entanto, indica que o resultado da ação é imprevisível. Americanos
e israelenses sonham com um levante popular que, de dentro para fora, ponha fim
aos regimes dos aiatolás e coloque no lugar algo mais próximo ao modelo de democracia
liberal que vigora na maioria dos países do Ocidente. Tentativas semelhantes no
passado recente, no entanto, mostram que o risco de tudo dar errado é muito
grande.
O caso mais
recente é o da Síria, onde os EUA e seus aliados europeus fizeram um consórcio
militar para destituir o agora ex-presidente Bashar Al Assad. O regime sírio de
fato ruiu devido a um misto de ataques militares internacionais e pressão de uma
guerra civil interna que teve início em 2010 e culminou, em dezembro de 2024,
com o exílio de Assad na Rússia e a ascensão ao poder do atual presidente
sírio, Ahmed al-Sharaa ou Abu Mohammad al-Jolani, como também é conhecido.
Assad era parte
de uma dinastia tirânica que havia implementado uma ditadura longeva na Síria,
mas seu substituo talvez não seja muito melhor: al-Jolani foi criado como
combatente e político dentro do Estado Islâmico, um grupo armado
fundamentalista islâmico conhecido por seus atos espetaculares de terrorismo no
mundo todo. Não dá para dizer que a transição tenha correspondido às promessas
que embalaram por anos as ações americanas contra a Síria.
Antes disso, os
EUA tinham colhido resultado ainda mais desastroso no Iraque. O país foi
atacado na esteira da Guerra ao Terror iniciada após os atentados de 11 de
setembro de 2001. O então presidente americano, George W. Bush, acusava o então
presidente iraquiano, Saddam Hussein de ter armas de destruição em massa que
seriam usadas contra os EUA. As acusações se provaram falsas. Mesmo assim
serviram de justificativa para bombardear o país e levar Saddam à forca. Assim
como na Síria, o que surgiu no lugar tampouco foi a democracia liberal lustrosa
que havia sido prometida pela Casa Branca.
Ao contrário, o Iraque segue imerso em divisões políticas sectárias, com um governo disfuncional pressionado por correntes separatistas cada vez mais fortes.
Sitio Santa Tereza, S/N BR110/Sul
a Ribeira do Pombal/Bahia